O Hotel Sevilla, onde estávamos instalados, tinha tido um passado imponente, antes da nacionalização, logo após a revolução de 1959 de Fidel e seus companheiros. Uma foto, no átrio principal, mostra o Comandante comemorando com os funcionários do hotel, a fuga dos proprietários. Com uma limonada (azeda, digo eu). Outras fotos mostram personalidades importantes dos anos 50. Por aquele hotel passaram figuras como Al Capone e Graham Greene. Este último chegou mesmo a escrever um romance centrado nesse hotel – O nosso agente em Havana. Outros tempos. Hoje os empregados são funcionários públicos, certamente mal pagos, e o hotel acaba por reflectir isso mesmo. De qualquer forma bastante bom para a cidade em questão. Além disso está muito bem localizado. Mesmo no centro da cidade, tem uma das fachadas viradas para a grande avenida “Passeo del Prado”, uma avenida, com um passeio largo ao centro, arborizado e empedrado.
Era para essa avenida que estava virado o meu quarto e num fim de tarde de um normal Domingo, enquanto tomava banho e me vestia ouvia, vindo da rua, um som latino de tango. Assim que me abeirei da janela pude ver que, mesmo por baixo, no meio da Avenida, estavam a fazer o que mais tarde vim a saber, era uma Milonga (se não sabem o que é, Google it).
Lá de cima via vários casais a dançar tango e até aqui tudo normal, e como estava já despachado e à espera do resto das pessoas, resolvi ir ver mais de perto e digo-vos, o que vi, alterou tudo aquilo que eu pensava sobre dança. Agora, como é que vou conseguir explicar isso?
Nem tudo o que se sente, o que nos emociona se explica por palavras, ainda por cima, escritas. Mas eu, que nunca fui muito dado a danças, pela primeira vez consegui captar um sentido, um sentimento na expressão dos intérpretes. No meio daquele exotismo, daquele calor tropical, fiquei fascinado com o movimento dos corpos, com a sensualidade que deles transparecia e perguntava a mim mesmo se depois daqueles movimentos, seria possível um casal não continuar outro tipo de danças num outro local mais discreto. Tal era a cumplicidade de uma dança que, na sua forma mais perfeita, parecia parte de um "pré" preliminar, de algo ainda mais intenso.
Vejam as fotos e tentem imaginar. Não sei se conseguem, mas para mim é uma imagem e um sentimento que nunca mais esquecerei. Marcante.
Era para essa avenida que estava virado o meu quarto e num fim de tarde de um normal Domingo, enquanto tomava banho e me vestia ouvia, vindo da rua, um som latino de tango. Assim que me abeirei da janela pude ver que, mesmo por baixo, no meio da Avenida, estavam a fazer o que mais tarde vim a saber, era uma Milonga (se não sabem o que é, Google it).
Lá de cima via vários casais a dançar tango e até aqui tudo normal, e como estava já despachado e à espera do resto das pessoas, resolvi ir ver mais de perto e digo-vos, o que vi, alterou tudo aquilo que eu pensava sobre dança. Agora, como é que vou conseguir explicar isso?
Nem tudo o que se sente, o que nos emociona se explica por palavras, ainda por cima, escritas. Mas eu, que nunca fui muito dado a danças, pela primeira vez consegui captar um sentido, um sentimento na expressão dos intérpretes. No meio daquele exotismo, daquele calor tropical, fiquei fascinado com o movimento dos corpos, com a sensualidade que deles transparecia e perguntava a mim mesmo se depois daqueles movimentos, seria possível um casal não continuar outro tipo de danças num outro local mais discreto. Tal era a cumplicidade de uma dança que, na sua forma mais perfeita, parecia parte de um "pré" preliminar, de algo ainda mais intenso.
Vejam as fotos e tentem imaginar. Não sei se conseguem, mas para mim é uma imagem e um sentimento que nunca mais esquecerei. Marcante.
Ah... mas a dança tem disso mesmo. Interessante teres falado exatamente disso. Dancei demais nesse fds. E pude sentir parte do que descreves ai. Um beijo.
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