Não escondo. Uma das minhas maiores frustrações foi não ter
conseguido, até hoje, criar uma família. Pai, Mãe e filhos. Uma família feliz. Olho
com alguma melancolia, com um pequeno aperto no coração, para as famílias dos
meus amigos e para as famílias no geral. E imagino como seria… Um abraço de
amor incondicional,…
Cresci acreditando que seria um bom Pai e um bom marido.
Hoje, sou menos "naif", e na mesma medida que sei que nunca serei (porque nunca
fui), o marido que imaginei, acredito que também não seria o tal Pai. Mesmo
assim, tenho a certeza que seria um Pai, senão melhor, pelo menos diferente. Esperaria
que a Mãe cobrisse as minhas falhas. Eu cobriria as dela.
Mas ainda não desisti. E neste já longo período em que me
mantenho sozinho, cresce em mim a vontade de me dar, não só a uma mulher, mas
também de me dar a uma ou duas crianças. De as ver crescer e de as poder ajudar
no seu crescimento, com tudo de bom e mau que isso pode ter. Mas não está
fácil.
Primeiro porque me quero apaixonar. Mais do que isso, porque
quero amar.
Segundo, porque já tenho quase 45 anos e as moças da minha
geração, já vêm com filhos “feitos”. Não é que isso retire alguma coisa ao
sentido de família, mas o problema (e eu já experimentei) é que os filhos “feitos”
não têm as nossas “medidas” e estão a borrifar-se para elas. Dificilmente algum dia serão “nossos”.
Seremos sempre o tipo que está com a Mãe.
Portanto, teria que ter a sorte de encontrar uma moça um
pouco mais nova, com filhos pequenos ou com vontade de ainda os ter.
Em terceiro, porque talvez esteja a ser demasiado exigente e
procure na mesma mulher, alguma beleza, inteligência qb., educação, sentido de
humor, uma certa dose de loucura e outra de humildade.
Mas se este plano falhar, tenho outros preparados. E
enquanto não realizo este, vou vivendo os outros.