Para a semana vou para a neve, mas vou com vontade de praia. Deve ser por ir fora de época. Estou muito longe do mar e dos benefícios de um passeio à beira mar. A mente abre-se, falo da vida e planeio o futuro. Uma psicanálise, portanto. Vou tentar fazer o mesmo na neve. Mas não é fácil. Na neve as botas apertam os pés, a roupa prende os movimentos e provavelmente, isso prende também os pensamentos. A velocidade das descidas elimina as ligações das frases e das pessoas, e nas subidas, sentados nas cadeiras, só tentamos repor o fôlego. Na praia vou descalço. Isto pode parecer um bocado maricas, dito por um homem, mas é verdade. Os pés livres, em contacto directo com o chão tornam-nos mais simples e mais livres. A brisa fresca e o espaço aberto dos grandes areais e da imensidão do mar das praias que gosto, libertam a mente.
Um dia no Brasil, quando meio apanhado de surpresa, fui a uma reserva índia, convidaram-me a entrar num ritual de baptismo índio. Não levei aquilo muito a sério. Fizeram-nos crer que era um ritual único, que era a primeira vez que estava a ser feito para não índios e nós fizemos por acreditar. As mulheres que me levaram acreditaram piamente, eu fiquei de pé atrás, descalço, mas atrás. A cerimónia durou cerca de uma hora numa palhota do meio da Mata Atlântica. De mãos dadas com os índios numa roda depois de esfregarmos as mão e os pés na terra, dançamos, cantamos e meditamos. Na minha meditação, não fui capaz de fechar os olhos como devia. Estava preocupado que algum dos homens do meu grupo me apanhasse naquela figura. E apanharam. Felizmente sem máquina fotográfica o que deu para, já cá em Portugal, desmentir categoricamente tudo aquilo. Mas acreditem, houve quem chorasse e para a minha mulher aquilo foi tão intenso que considerou o ponto alto das férias. Concluindo acabei por ficar baptizado com um nome índio que só a minha mulher decorou e que me lembro apenas que era um nome de uma madeira muito dura. Será que o cacique percebeu que não fechei os olhos?
Dessa reserva, desse dia, dessas férias, guardo para sempre as índias de cheiro a fumo de incenso e os outros cheiros, de outros fumos que por ali se respiravam. Outros mundos outras vidas. Ficam como alimento de alma. Só porque não é possível vivê-las.
Um dia no Brasil, quando meio apanhado de surpresa, fui a uma reserva índia, convidaram-me a entrar num ritual de baptismo índio. Não levei aquilo muito a sério. Fizeram-nos crer que era um ritual único, que era a primeira vez que estava a ser feito para não índios e nós fizemos por acreditar. As mulheres que me levaram acreditaram piamente, eu fiquei de pé atrás, descalço, mas atrás. A cerimónia durou cerca de uma hora numa palhota do meio da Mata Atlântica. De mãos dadas com os índios numa roda depois de esfregarmos as mão e os pés na terra, dançamos, cantamos e meditamos. Na minha meditação, não fui capaz de fechar os olhos como devia. Estava preocupado que algum dos homens do meu grupo me apanhasse naquela figura. E apanharam. Felizmente sem máquina fotográfica o que deu para, já cá em Portugal, desmentir categoricamente tudo aquilo. Mas acreditem, houve quem chorasse e para a minha mulher aquilo foi tão intenso que considerou o ponto alto das férias. Concluindo acabei por ficar baptizado com um nome índio que só a minha mulher decorou e que me lembro apenas que era um nome de uma madeira muito dura. Será que o cacique percebeu que não fechei os olhos?
Dessa reserva, desse dia, dessas férias, guardo para sempre as índias de cheiro a fumo de incenso e os outros cheiros, de outros fumos que por ali se respiravam. Outros mundos outras vidas. Ficam como alimento de alma. Só porque não é possível vivê-las.
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