quinta-feira, outubro 18, 2012

"A graça e a meiguice do sexo"

“Carlos Maria sorriu e olhou para as borlas caídas do cordão de seda que ela trazia à cintura, atado por um laço frouxo; ou para ver as borlas ou, para notar a gentileza do corpo. Viu bem, ainda mais uma vez, que a prima era uma bela criatura. A plástica levou-lhe os olhos, o respeito os desviou; mas não foi só a amizade que o fez demorar ainda ali e o trouxe novamente àquela casa. Carlos Maria amava a conversação das mulheres, tanto quanto, em geral, aborrecia a dos homens. Achava os homens declamadores, grosseiros, cansativos, pesados, frívolos, chulos, triviais. As mulheres, ao contrário, não eram grosseiras, nem declamadoras nem pesadas. A vaidade nelas ficava bem, e alguns defeitos não lhes iam mal; tinham, ao demais, a graça e a meiguice do sexo. “Das mais insignificantes”, pensava ele, “há sempre alguma coisa a extrair”. Quando as achava insípidas ou estúpidas, tinha para si que eram homens mal-acabados.”

Quincas Borba – Machado de Assis

Eu quase poderia ter escrito isto. 

1 comentário:

Dúvidas existênciais

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