terça-feira, janeiro 20, 2015

E agora? Como vivo eu sem carta de condução?

Durante a semana, começo logo com uma vantagem. Acordo uma hora mais tarde. Existiu há bastante tempo, uma ordem da Direção, para que os técnicos daqui do “tasco” (eu e o meu colega), um de cada vez, começássemos a entrar às 8 horas, para controlar a entrada ao serviço, do pessoal de campo. Eu cumpri a ordem, o meu colega nem por isso. Não sei se a Direção já se esqueceu da ordem, mas eu continuava a estar no por aqui às 7:45. Agora, à boleia com o meu colega, chego entre as 9 e as 9 e meia. É bom.

Entretanto, como tive tempo para me preparar, arranjei uma mochila onde levo as coisas que é costume levar no porta-luvas do carro. Óculos escuros, luvas, chaves daqui e dacolá, sacos de compras, canetas, pen-drives, papelada diversa e um mini guarda-chuva, que já me deu muito jeito um destes dias.

Saio, então de casa, de mochila às costas e ando um bocadito a pé, o suficiente para facilitar a vida à minha boleia. Depois, já no “tasco”, não há grande problema. Estamos numa fase do ano tranquila e há sempre alguém para me conduzir sempre que preciso de ir a algum lado (nem que seja a mulher da limpeza). Ao almoço, vou com o meu colega, mas isso já fazia antes, uma vez um, uma vez o outro.
No regresso à cidade, há uma pequena diferença. Eu que entrava sempre a horas, saía do “tasco”, cumprindo os mesmos padrões de pontualidade. Já o meu colega, perde um bocado a noção das horas e a maior parte dos dias saímos já perto das 5 e meia.

Por estranho que possa parecer, sabe-me bem andar a pé pela cidade. Vejo gente, encontro pessoas conhecidas, com quem troco algumas palavras e faz me bem apanhar este friozinho na cara. Assim, dou por mim a arranjar motivos para pedir à minha boleia para me deixar no meio da cidade e depois, aí vou eu, de mochila às costas, às compras ou fazer outra coisa qualquer e sigo caminho, feliz da vida para casa.

Em casa pouco muda, claro, mas há algumas exceções, como na semana passada, que tive que ir à noite a um velório. Não me dei sequer ao trabalho de procurar boleia. Fui a pé. Vinte minutos para lá e vinte minutos para cá. Não custou nada e até cheguei a casa revigorado pelo frio e pela caminhada. Hoje, quero ir ver um concerto ao Cine-Teatro e farei mais ou menos o mesmo trajeto. Eu gosto de andar a pé e sem calor até me sabe bem. Enrijece os ossos.

Quanto aos fins-de-semana, ainda só tive um e foi um pouco à experiencia. Fui, como costumo ir aos sábados, almoçar ao fórum. No entanto, achei a caminhada grande para um almoço banal. Amanhã logo vejo se repito a dose ou não. (Repeti. Apeteceu-me ver gente. Mas para compensar a caminhada vinguei-me numa francesinha da Portugália).

De resto faço tudo o que me apetece, dentro dos limites razoáveis da cidade. Se me apetece vou ao Pingo Doce no centro. Não posso ir ao BricoMarché, ao MaxMat ou à Dechatlon, onde ia com alguma frequência, não sei fazer bem o quê, mas sei que sempre poupo alguns trocos com essa impossibilidade. Leio mais, vejo mais DVD’s de música e passo mais tempo na net.

Portanto, sem dramas. É apenas uma nova experiência na minha vida e não faço nada que muita gente, que não tem carro ou carta, faz uma vida inteira.

Em conclusão, até quase acho que a vida ficou mais animada e interessante. Tinha muito medo de sentir demasiado a falta de liberdade que um carro nos dá, de me sentir preso a casa e aos outros, mas não aconteceu. Até certo ponto, até me sinto mais livre e desprendido.

3 comentários:

  1. Já eu, deste lado de cá do oceano, começo a aprender a viver de carro. Ainda acho estranho não passar no supermercado, não ter que andar até o ponto de ônibus, não poder ler durante meu deslocamento para o trabalho...
    E boa sorte com os encontros com pessoas: vai que em uma esquina aparece uma bela menina!

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  2. Já eu, rsrs, sou um pouco de vocês dois. Diferença é que nesse meio termo ainda tenho um filho a quem tenho que levar sempre junto. Ou seja, estou presa e estou livre ao mesmo tempo. Logo logo voltarei a dirigir mais constantemente. E aí vamos ver como ficará...

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  3. Também gosto de andar a pé. Ainda bem que estás a conseguir lidar com isto de uma forma positiva (quando fiquei sem o meu - sobretudo o antigo teve de ir algumas vezes inesperadamente para a oficina, tive de acordar mais cedo, levava mais tempo a chegar quando recorria ao transporte colectivo, apreciei toda as boleias que consegui e sobretudo tê-lo de volta).
    um beijinho e bom fim-de-semana

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