Quando senti a necessidade de
escrever num blogue, o Mundo era um sítio muito diferente.
Foi em Abril de 2006 numa altura em que os blogues estavam no auge. Não havia facebook , istagram nem qualquer outra rede social.
Não havia smartphones nem net a toda a hora e em qualquer lugar. O Mundo andava
por isso, um pouco mais devagar.
Mas se o Mundo era um lugar
diferente nessa altura, a forma como eu o via, era incrivelmente distante do que
é hoje e do que, na realidade, já era nessa altura. Como podia eu ser tão
inocente, e viver tão fora da realidade?
E por estranho que possa parecer,
foram os blogues que me começaram a abrir os olhos. Uma descoberta incrível
para mim. Comecei por ler alguns, quase todos de mulheres. A ânsia de conhecer
a alma feminina, de entrar na sua intimidade e a descobrir a sua essência, foi para mim viciante.
Primeiro só lia, depois, cheio de coragem, comecei a
comentar, sempre com nicks diferentes, até que senti a necessidade de também
fazer parte daquele mundo. De interagir com as pessoas que lia e de ser
reconhecido na blogosfera.
Foi então que escolhi um “alter
ego”, criei um blogue (este mesmo) e parti à aventura. Sempre anónimo. Na
altura não sabia se seria anónimo para sempre. Confesso que tive alturas em que
tive vontade de me mostrar o blogue a uma ou outra pessoa, mas acabei sempre
por resistir. Houve sim, pessoas que fui
conhecendo através do blogue. Duas fisicamente, outras conheci nas redes
sociais. Mas em nenhum desses casos me senti invadido ou intimidado. Continuei
a ser o autor de blogue que sempre fui.
Mas se o blogue foi mudando foi
porque eu próprio, fui também mudando, porque eu e o meu “alter ego” fomos ficando
cada vez mais próximos.
Aquilo que eram dúvidas e
incertezas foram se esclarecendo, aquilo que eram sonhos e fantasias foram
tornando-se realidade. Eu cresci, fiquei menos ingénuo e apesar de não ter ficado menos tímido, fui deixando que se aproximassem de mim.
Assim o blogue, este mesmo blogue, já com dez
anos, foi para mim, uma janela, uma porta para o mundo. E tenho a sensação que o foi também para muitas outras pessoas, que escreveram blogues, que comentaram
ou que simplesmente os leram. No entanto, em muitos casos, parece que a magia dos blogues se
perdeu. Ou porque deixaram de trazer algo de novo, ou porque este mundo virtual
evoluiu de tal forma que os blogues ficaram definitivamente para trás.
Este meu blogue não é a excepção. É indesmentível, que a Nuvem, é nestes dias, quase só um arquivo, mas mesmo assim vive. E faz parte de mim. Sinto por ele estima e carinho, quase como se de um amigo se tratasse. Não seria capaz de o apagar ou acabar com ele. Mesmo sem actualizações aqui ficará, até
que alguém o feche por mim.
E, acima de tudo, não perco a esperança, de um dia voltar a ter um amigo assim. :)
Sabe, sinto uma sensação muito parecida com a sua. Mas uma vez ou outra insisto em escrever no Radiante. Que não ande tão distante do blog, pois é muito boa a forma como escreves. Mas entendo. E como entendo.
ResponderEliminarÉ, vou voltar mais vezes. faz-me bem: :)
EliminarParabéns pelo aniversário - é engraçada a coincidência, eu criei o dona-redonda em Maio de 2006. Continuo a encontrar na blogosfera magia, descoberta, amizade, companhia (e sou pouco do FB). Espero que a Nuvem renasça.
ResponderEliminarum beijinho
Gábi
Eu também espero. Pode ser que o Verão me traga inspiração :)
Eliminarbeijos
Olá, waterfall
ResponderEliminarEu também ando na blogosfera há dez anos. Pelo meu nome, penso que me reconhecerás, já que o perfil que estou a usar não é o de outros tempos.
Gosto do teu blogue porque desvendas o universo masculino e, para meu gáudio/alívio, não demonstras qualquer tipo de maldade, embora apresentes posts de cariz sexual frequentemente. Em suma: és extremamente sincero e a tua sinceridade revela-te bom e bem.
Beijinho