segunda-feira, maio 30, 2016

10 anos

Quando senti a necessidade de escrever num blogue, o Mundo era um sítio muito diferente.

Foi em Abril de 2006 numa altura em que os blogues estavam no auge. Não havia facebook , istagram nem qualquer outra rede social. Não havia smartphones nem net a toda a hora e em qualquer lugar. O Mundo andava por isso, um pouco mais devagar.

Mas se o Mundo era um lugar diferente nessa altura, a forma como eu o via, era incrivelmente distante do que é hoje e do que, na realidade, já era nessa altura. Como podia eu ser tão inocente, e viver tão fora da realidade?

E por estranho que possa parecer, foram os blogues que me começaram a abrir os olhos. Uma descoberta incrível para mim. Comecei por ler alguns, quase todos de mulheres. A ânsia de conhecer a alma feminina, de entrar na sua intimidade e a descobrir a sua essência, foi para mim viciante. 

Primeiro só lia, depois, cheio de coragem, comecei a comentar, sempre com nicks diferentes, até que senti a necessidade de também fazer parte daquele mundo. De interagir com as pessoas que lia e de ser reconhecido na blogosfera.

Foi então que escolhi um “alter ego”, criei um blogue (este mesmo) e parti à aventura. Sempre anónimo. Na altura não sabia se seria anónimo para sempre. Confesso que tive alturas em que tive vontade de me mostrar o blogue a uma ou outra pessoa, mas acabei sempre por resistir. Houve sim, pessoas que fui conhecendo através do blogue. Duas fisicamente, outras conheci nas redes sociais. Mas em nenhum desses casos me senti invadido ou intimidado. Continuei a ser o autor de blogue que sempre fui.

Mas se o blogue foi mudando foi porque eu próprio, fui também mudando, porque eu e o meu “alter ego” fomos ficando cada vez mais próximos.

Aquilo que eram dúvidas e incertezas foram se esclarecendo, aquilo que eram sonhos e fantasias foram tornando-se realidade. Eu cresci, fiquei menos ingénuo e apesar de não ter ficado menos tímido, fui deixando que se aproximassem de mim.

Assim o blogue, este mesmo blogue, já com dez anos, foi para mim, uma janela, uma porta para o mundo. E tenho a sensação que o foi também para muitas outras pessoas, que escreveram blogues, que comentaram ou que simplesmente os leram. No entanto, em muitos casos, parece que a magia dos blogues se perdeu. Ou porque deixaram de trazer algo de novo, ou porque este mundo virtual evoluiu de tal forma que os blogues ficaram definitivamente para trás.

Este meu blogue não é a excepção. É indesmentível, que a Nuvem, é  nestes dias, quase só um arquivo, mas mesmo assim vive. E faz parte de mim. Sinto por ele estima e carinho, quase como se de um amigo se tratasse. Não seria capaz de o apagar ou acabar com ele. Mesmo sem actualizações aqui ficará, até que alguém o feche por mim.

E, acima de tudo, não perco a esperança, de um dia voltar a ter um amigo assim. :)

5 comentários:

  1. Sabe, sinto uma sensação muito parecida com a sua. Mas uma vez ou outra insisto em escrever no Radiante. Que não ande tão distante do blog, pois é muito boa a forma como escreves. Mas entendo. E como entendo.

    ResponderEliminar
  2. Parabéns pelo aniversário - é engraçada a coincidência, eu criei o dona-redonda em Maio de 2006. Continuo a encontrar na blogosfera magia, descoberta, amizade, companhia (e sou pouco do FB). Espero que a Nuvem renasça.
    um beijinho
    Gábi

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Eu também espero. Pode ser que o Verão me traga inspiração :)
      beijos

      Eliminar
  3. Olá, waterfall

    Eu também ando na blogosfera há dez anos. Pelo meu nome, penso que me reconhecerás, já que o perfil que estou a usar não é o de outros tempos.
    Gosto do teu blogue porque desvendas o universo masculino e, para meu gáudio/alívio, não demonstras qualquer tipo de maldade, embora apresentes posts de cariz sexual frequentemente. Em suma: és extremamente sincero e a tua sinceridade revela-te bom e bem.

    Beijinho

    ResponderEliminar

Dúvidas existênciais

Serei assim tão desinteressante? Sei que não sou uma pessoa cativante, pelo menos numa análise superficial, mas será que perco assim tanto p...