segunda-feira, abril 23, 2007

Sevilha

Algures entre Sevilha e o Algarve, 19 de Abril de 2007 (18:00 locais)

Estou de regresso. Não os voltei a ver e por isso levo comigo uma sensação de vazio do tamanho do mundo. Não sei o que se passou para tudo aquilo ter acontecido. Alimento grandes “filmes”, mas devo a mim próprio o facto de ficar sem saber a razão de toda aquela situação insólita.

Talvez a ideia mais plausível seja a de que me estivessem a confundir com alguém, mas se assim fosse chamariam-me por um nome, não era?

Será mesmo possível que a miúda tenha ficado encantada comigo? Porra, eu sei que até desperto alguns olhares femininos, mas assim desta forma? Eu tenho 37 anos e ela não teria mais de 20. Se fosse isso que estava a acontecer, não seria estranho que toda a família alinhasse naquela brincadeira?

Será que eu era apenas, parecido com alguém que eles conhecessem, e mo quisessem dizer?

Nunca vou saber.
Como foi possível que eu tivesse hesitado tanto?
Como é que foi possível que perante tantos sinais óbvios eu não tivesse tido a coragem de lhes responder.

Esta angústia vai permanecer comigo até ao fim da vida. Nesta triste viagem, sozinho neste autocarro, ouço música no mp3 e escrevo num pequeno bloco, e quase tenho vontade de chorar. Não porque não soube o que eles queriam de mim, mas porque mais uma vez na minha vida, fui incapaz de reagir. Continuo a ser um parvo, tímido que perde, uma atrás de outras, as oportunidades para se relacionar com outras pessoas.

As nossas vidas, durante um período de 24 horas quase se tocaram, andaram ali numa tangente arrepiante, mas nunca foram capazes de se cruzar. Fico a pensar no que poderia ter acontecido se se tivessem tocado. Será que a minha vida teria mudado?

Se eu me tivesse virado quando me chamaram. Porra, era tão simples!!!
Se eu me tivesse afastado um pouco da mesa onde estava a jantar provavelmente teriam vindo ter comigo. Era tão simples.
Nunca vou saber.
Sou mesmo parvo!

5 comentários:

  1. Pois...acontece! Mas, agora não vale a pena "chorar sobre o leite derramado" :D

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  2. Epá... agora nao vale a pena chorar o leite derramado...

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  3. Não quero de forma alguma "desprezar" o que possas estar a sentir, mas não estarás a exagerar um bocadinho? Vontade de chorar?! Tenta relativizar as coisas, afinal de contas, o que é que tu realmente achas que poderia acontecer mesmo que tivesses falado com ela? Além do mais tu não a conheces, ela é uma cara bonita (suponho), mas se tem 20 anos como calculas, o que achas que teriam em comum, de que falariam...?

    Agora, se me disseres que estás triste pelo facto de não teres sido capaz de fazer alguma coisa, tomar uma atitude, e nomeadamente pelo que isso significa eventualmente para futuras oportunidades, aí eu compreendo a tua frustração. Sofro do mesmo mal, falta de coragem. Mas já fui pior e tu, certamente, também. Por isso, há que olhar em frente e fazer por combater a timidez, inércia, whatever!

    Beijinho

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  4. Pois é, bola p'rá frente!
    E aliás, o que, depois de uma noite mal dormida, na melencolia da despedida e na ansiedade do regresso, parecia uma tragédia, agora de volta à rotina é já uma insignificância.
    Mas que fiquei curioso fiquei.:-)

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  5. Pandora:
    Claro que sim. Nada mudaria assim da noite para o dia. Não havia a mínima chance. É só curiosidade.
    Sou feliz assim como estou.
    E a vontade de chorar devia ser por ter dormido apenas 3 horas, por estar a escrever dentro de um autocarro e ainda faltarem umas 5 horas para chegar a casa e por ter almoçado uma porcaria que me disseram depois ser bochecha de porco.:-)
    Mas a verdade é que destesto a timidez que me paraliza o corpo e o cérebro nos momentos decisivos da minha vida. Pensava que tinha ultrapassado tudo isso, e afinal continuo igual. Bem, talvez um pouco melhor, mas ainda longe do que desejava.
    Um beijo

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