Faz parte da vida de um casal infértil. O homem mais tarde ou mais cedo, acaba a fazer um espermograma. Comigo não foi diferente.
Após cerca de um ano de tentativas frustradas para engravidar, eu e a minha mulher, resolvemos consultar o ginecologista dela. Correu tudo muito bem. Umas vitaminas e recomendações de calma para começar. Mas as coisas não ficaram por aí. O Sr. Dr. queria mais e um espermograma foi a indicação seguinte. O mundo parecia que estava a desabar.
Mas a causa era boa e justa. Não havia volta a dar, portanto lá acabei eu indo ao laboratório tratar do assunto quanto antes. De credencial na mão, envergonhado como nunca, enfrentei a menina do guichet, mais vermelho que um tomate e de olhos postos no chão. Não disse uma nem duas, limitei-me a entregar o papel.
A simpática funcionária mandou esperar até que me chamassem. Entretanto ia imaginando em que tipo de sala (quarto?) se faria este tipo de análises. Imaginei um local confortável, com um ambiente que de alguma forma sugerisse erotismo. Eram 9 horas da manhã, estava numa sala cheinha de pessoal simpático, mas um bocadito entradote, e por isso necessitava de um pequeno estimulo. Não era preciso muito. Mas não. Fiquei totalmente desmoralizado, quando me mandaram com um frasquinho para uma minúscula casa de banho de vão de escada, cheia de esfregonas, vassouras e outros objectos de limpeza.
Depois de um quarto de hora a olhar para as paredes lá me decidi a abstrair-me daquele ambiente e recorrendo à minha imaginação levei a cabo a embaraçosa tarefa. Duas vezes, fiz espermogramas nestas condições.
Mais tarde voltei a fazer outro, mas desta vez num laboratório clínico de Lisboa. Mais uma vez numa minúscula casa-de-banho, mas pelo menos esta era apenas isso, uma casa-de-banho. Não acumulava funções de armazém de produtos de limpeza.
Já diferente foi, quando numa clínica privada, se tornou necessário fazer recolha de sémen para inseminações e para fertilizações “in vitro”. A clínica em causa tinha tudo o que era necessário, a começar por um ambiente relaxante e digno na sala de espera. Mas a primeira vez é sempre a primeira vez e quando ainda não conhecemos os cantos à casa as coisas podem ser bem difíceis de enfrentar. Mas pronto, a primeira vez passou e da segunda, terceira e quarta vez, a enfermeira que me levou ao confortável quarto já não teve que me explicar onde estavam as revistas, os DVD’s e como se punha o leitor de DVD a trabalhar. Agora que nem era preciso, davam-me todo o tempo do mundo e melhor ainda não me obrigavam a passear de frasquinho meio cheio pelo laboratório, o dito, simplesmente ficava ali mesmo e logo alguém discretamente o ia buscar.
Hoje olho para trás e sou capaz de rir disto tudo. A vida prega-nos partidas a cada virar de esquina. Algumas passamos sem dificuldades nem mazelas. Mas outras marcam-nos e bem. No meio de toda a infelicidade de não conseguir ter filhos procuro sempre os pontos positivos, mesmo que à primeira vista não os encontre. E se puder rio-me do que posso, porque não vale a pena chorar uma vida inteira.
Após cerca de um ano de tentativas frustradas para engravidar, eu e a minha mulher, resolvemos consultar o ginecologista dela. Correu tudo muito bem. Umas vitaminas e recomendações de calma para começar. Mas as coisas não ficaram por aí. O Sr. Dr. queria mais e um espermograma foi a indicação seguinte. O mundo parecia que estava a desabar.
Mas a causa era boa e justa. Não havia volta a dar, portanto lá acabei eu indo ao laboratório tratar do assunto quanto antes. De credencial na mão, envergonhado como nunca, enfrentei a menina do guichet, mais vermelho que um tomate e de olhos postos no chão. Não disse uma nem duas, limitei-me a entregar o papel.
A simpática funcionária mandou esperar até que me chamassem. Entretanto ia imaginando em que tipo de sala (quarto?) se faria este tipo de análises. Imaginei um local confortável, com um ambiente que de alguma forma sugerisse erotismo. Eram 9 horas da manhã, estava numa sala cheinha de pessoal simpático, mas um bocadito entradote, e por isso necessitava de um pequeno estimulo. Não era preciso muito. Mas não. Fiquei totalmente desmoralizado, quando me mandaram com um frasquinho para uma minúscula casa de banho de vão de escada, cheia de esfregonas, vassouras e outros objectos de limpeza.
Depois de um quarto de hora a olhar para as paredes lá me decidi a abstrair-me daquele ambiente e recorrendo à minha imaginação levei a cabo a embaraçosa tarefa. Duas vezes, fiz espermogramas nestas condições.
Mais tarde voltei a fazer outro, mas desta vez num laboratório clínico de Lisboa. Mais uma vez numa minúscula casa-de-banho, mas pelo menos esta era apenas isso, uma casa-de-banho. Não acumulava funções de armazém de produtos de limpeza.
Já diferente foi, quando numa clínica privada, se tornou necessário fazer recolha de sémen para inseminações e para fertilizações “in vitro”. A clínica em causa tinha tudo o que era necessário, a começar por um ambiente relaxante e digno na sala de espera. Mas a primeira vez é sempre a primeira vez e quando ainda não conhecemos os cantos à casa as coisas podem ser bem difíceis de enfrentar. Mas pronto, a primeira vez passou e da segunda, terceira e quarta vez, a enfermeira que me levou ao confortável quarto já não teve que me explicar onde estavam as revistas, os DVD’s e como se punha o leitor de DVD a trabalhar. Agora que nem era preciso, davam-me todo o tempo do mundo e melhor ainda não me obrigavam a passear de frasquinho meio cheio pelo laboratório, o dito, simplesmente ficava ali mesmo e logo alguém discretamente o ia buscar.
Hoje olho para trás e sou capaz de rir disto tudo. A vida prega-nos partidas a cada virar de esquina. Algumas passamos sem dificuldades nem mazelas. Mas outras marcam-nos e bem. No meio de toda a infelicidade de não conseguir ter filhos procuro sempre os pontos positivos, mesmo que à primeira vista não os encontre. E se puder rio-me do que posso, porque não vale a pena chorar uma vida inteira.
Admiro-te por teres tido a coragem de contar isto.
ResponderEliminarNão te escondeste com vergonha atrás de nada!
Conseguiste fazer uma enorme proeza (que eu própria faço comigo tantas vezes) rir de nós.
Da nossa figurinha!
Mas admiro-te ainda mais pela pessoa que revela ser, não ter desistido de um sonho.
Que só ia completar melhor, o Ser que aparentas ser.
Bjnhos Waterfall
É tão reconfortante quando finalmente contamos certas coisas...
ResponderEliminarUm abraço cheio de admiração.
Nunca pensaste em adoptar uma criança? Acho que já te fiz esta pergunta, mas não me lembro da resposta.
ResponderEliminarNa minha opinião, Pai é quem cria e dá amor, a parte biológica conta pouco.
Eu estou a pensar em ter filhos, daqui a uns meses vou começar a tentar (acho que é assim que costumam dizer?!). Continuo a achar que não estou preparada, mas todos dizem que é uma experiência única e como o trabalho já não me preenche, bem... porque não!
Bjs
Tenho amigos que passaram pelo mesmo. É muito duro, principalmente psicologicamente. Suponho que já tenhas visto o filme "Juno" que acaba por ser uma forma ternurenta de encarar a dose que supõe o querer e não poder ter filhos.
ResponderEliminarOs meus amigos tiveram imensa sorte, pois qdo estavam prestes a recorrer à inseminação a Ana lá relaxou e engravidou. Até já tiveram uma segunda menina. Mas há quem não consiga e ... podem adoptar, há crianças que precisam imenso, mas tb é um processo horroroso.
O que podem fazer, se quiserem aceitar uma dica, é acolher uma criança que está numa instituição, mas como família de acolhimento, ou seja, só a têm convosco ao fim de semana. Os Pais duns amigos meus fizeram-no e estão muito satisfeitos e as meninas também.
Boa sorte...
Apesar de já ter sido escrito em cima, já pensaram em adoptar? Sei de vários casos que correram muito bem
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