O filme “La Boum - A primeira festa” estava em exibição no velhinho Teatro Avenida de Coimbra. O meu irmão, mais velho que eu dois anos, preparava-se para ir com os amigos e eu resolvi interceder junto da minha Mãe para me colar.
O meu irmão não gostou nada da ideia e argumentou que o filme era para maiores de 13 anos e eu ainda só tinha 12. A minha Mãe não se impressionou com argumentação e mandou-me com ele. O meu irmão, muito irritado, porque não estava para me aturar e porque a ele, só o tinham deixado ver os filmes para maiores de 13, exactamente aos 13 anos, não me falou o tempo todo, do principio ao fim do filme, desde que saímos de casa até chegarmos. Lembro-me de, pelo caminho, correr atrás dos seus paços propositadamente apressados. Ele fugia de mim e eu corria atrás. Não podia perder aquela oportunidade. Não me lembro, mas já devia ter ouvido falar do filme, de tal forma foi, para a época, a minha determinação.
O filme foi fabuloso. Mostrava dois mundos que eu adivinhava para breve. As relações tempestuosas dos pais e o consequente divórcio, que no caso dos meus pais, se deu mais depressa do que eu na altura podia imaginar e as paixões fulminantes e arrebatadoras da adolescência. Essa sim, a grande novidade da vida que eu ansiava desesperadamente, achando mesmo, que já estava a começar a tardar.
Sai do filme emocionado, com um vazio na barriga do tamanho da minha expectativa da vida e de tudo o que estaria para vir. Naquele sábado fui para casa e sozinho no meu quarto fiquei deitado na cama. Não quis jantar, não quis passar o serão na sala. Acho que cheguei a chorar por achar que era o único no mundo que não vivia aquelas aventuras de adolescente. Afinal já tinha 12 anos. A vida estava a passar-me à frente e eu sem conseguir entrar. Um desespero.
Não sou capaz de descrever o filme em pormenor, mas as emoções que senti nunca mais esqueci. São assim os filmes que nos marcam.
O vento vai me levando nesta minha nuvem que eu tento manobrar. Daqui vejo o mundo e o que me marca escrevo, por sentir que apenas a escrita, ouve e compreende os meus desabafos. Mas nem tudo o que vejo é real. Muitas vezes são apenas delírios da imaginação ou simplesmente, sonhos.
quarta-feira, novembro 28, 2007
Filmes da minha vida - "La Boum - A primeira festa"
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Este teu texto está incrível. Fez-me lembrar que como era ser criança e depois adolescente (também tenho uma irmã mais velha :)E fiquei com pena por não ter visto este filme
ResponderEliminarO meu primeiro filme no cinema foi o Bambi e adorei!!
ResponderEliminarAinda é um dos meus filmes preferidos. :D
O filme não vi mas o teledisco passava vezes sem conta e eu adorava!
ResponderEliminar"Met you by surprise,
I didn't realize
that my life would change forever
Saw you standing there,
I didn't know I cared
there was something special in the air
Dreams are my reality,
the only kind of real fantasy
I dream of loving in the night
And loving seems alright
Although it's only fantasy
If you do exist,
honey don't resist
show me a new way of loving
Tell me that it's true,
show me what to do
I feel something special about you
(...)
Redonda, acho que já nem vale a pena veres agora. A magia para nós já passou...
ResponderEliminarPat, também comecei por aí. Um dos desgostos de não ter filhos é não ter desculpa para rever os filmes da Disney. :-)
Pandora, obrigado pela letra. Já marcaste a neve?
La boum foi também dos primeiros filmes que vi no cinema.
ResponderEliminarLembro-me que nessa altura fiquei “apaixonado” pela Sophie Marceau, pois que era ela a protagonista e figura máxima desse filme. Desse e da sequela que arribou aos cinemas no ano seguinte; “La boum 2, depois da festa”.
O que eu porfiei para encontrar o “reality”. Mas, vitória, consegui. A música principal do La Boum 2 é que não consegui... Até à semana passada em que, por acaso, consegui em mp3; "your eyes" de uns tais "cook da books" !?!?! Ainda gosto de ouvir estas músicas, levito até a esses tempos... outros tempos.