Durante um dos dias em que estivemos no Brasil, resolvemos, num final de tarde de chuva torrencial, visitar o centro comercial mais “in” da cidade. Aproveitámos o aluguer do carro e a disponibilidade do nosso guia brasileiro António, e lá fomos nós. A primeira paragem foi numa livraria tipo Bertrand. Onde comprei um pequeno livro de bolso, intitulado Expressões Populares do Nordeste Brasileiro, livro esse que acabou, por ser muito útil nos minutos seguintes. Mal eu sabia.
Pouco depois de termos saído da livraria, demos de caras com uma simpática loja de biquinis, que logo atraiu parte da comitiva. Entraram as mulheres, porque entram sempre em todas as lojas, e nós os homens ficámos à porta, na esperança de que as mulheres fossem despachadas.O António, o nosso guia, era um rapaz de 28 anos, que já ia em dois casamentos e duas filhas, uma de cada mulher (mais tarde percebemos que não era um acaso, mas sim típico, pelo menos, dos guias turísticos Nordestinos). Sobre a 1ª mulher não se adiantou muito. Disse apenas que era branca e que não tinha gostado. Já da segunda, uma negrinha, disse com o seu jeito de brasileiro malandro: - Tá bom de mais. Eu não mereço ela.
De resto, soubemos que era fã do clube local, o América, e fã de forró sem a mulher. Sobre o forró e as moças que por lá “forroavam” dizia: - Eu não faço nada. Fico só esperando…É dos meus. :-)
Voltando à porta do loja de biquinis, eu e o António começámos a reparar no cirandar das empregadas e logo passámos de enfadados a totalmente compenetrados, de tal forma que chegámos a entrar na loja, tendo mesmo dado alguns palpites sobre biquinis. Num espaço de uns 15 metros quadrados moviam-se com beleza e graça, umas 5 ou 6 meninas, todas vestidas com umas calças coladinhas ao corpo. Todas ou quase todas escolhidas a dedo.
De novo à porta, por não ter nada mais a dizer sobre biquinis, não me restou outra alternativa. Entrei na loja sobre o pretexto de um concurso, recém inventado, de decifração de expressões populares. Entrámos os três, atrás da nossa comitiva, que estavam muito bem acompanhados por uma das empregadas e com o meu livrinho novo atirei logo a matar: O que significa “riscando fósforo em melancia”? Embora ninguém tivesse adivinhado, a menina empregada soltou um riso envergonhado e o corou, denunciando o facto de que se não sabia, desconfiava. Perdido por cem, perdido por mil, revelei a resposta.Nós os homens acabámos por sair mais uma vez para a porta, para não corrermos o risco de sermos expulsos por desacatos e voltámos à simples actividade de observação das magníficas qualidades de marketing das empregadas.
No entanto, tudo o que é demais é exagero e a certa altura até eu já estava um pouco cansado de estar especado em frente à loja e fui tentar apressar a comitiva. Estavam já a pagar quando alguém pegou num baralho de cartas, que estava meio escondido no balcão. O baralho era decorado com imagens (ou fotos, não cheguei a ver) do Kama Sutra. A partir daqui tudo se passou muito rápido e de repente tínhamos o balcão cheio de lingerie comestível e catálogos dos mais variados artigos eróticos para mulher. Embora o nome da loja e até a decoração o pudesse fazer desconfiar, na nossa portuguesinha ingenuidade, ninguém desconfiou que aquilo podia ser muito mais do que uma simples loja de biquinis. A partir daí não larguei mais o balcão e posso dizer que nos divertimos bastante. De um lado e do outro do balcão. Acabámos por comprar mais do que biquínis.
Agora a minha curiosidade. Este tipo de lojas, cá em Portugal, também funciona desta forma? Sex-Shops femininos por baixo do balcão? Na minha comitiva todas garantiram que nunca tinham visto, mas… A ingenuidade pode ser de família.
Acho que em Portugal há lojas especializadas nesses produtos mais exóticos, mas não conheço nenhuma.
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